segunda-feira, 12 de março de 2012

O MEC e a Parque Escolar: a mentira ao serviço da ideologia

1 - Nuno Crato declarou à Assembleia da República que a auditoria à Parque Escolar, solicitada pelo governo à Inspeção Geral de Finanças (IGF), instituição tida, pelo próprio, como insuspeita, permitia apurar uma «derrapagem de custo por escola intervencionada» de cerca «de 447%».
2 - Esperava, certamente, o MEC, que ninguém se desse ao trabalho de ler o relatório da IGF.
3 - Entre os que leram, encontra-se Daniel Oliveira, ao qual agradecemos os elementos de análise que passamos a identificar:
a)      O desvio médio por escola é, afinal de 66%;
b)   A causa fundamental deste desvio, afirma o relatório, prende-se essencialmente com o «aumento de área de construção por escola»;
c)   Esta, resulta, em grande medida, do alargamento da escolaridade obrigatória, que conduziu à reavaliação ‘por cima’ da população escolar a abranger pelas escolas;
d)   Outro aspeto relevante prende-se com a mudança de legislação comunitária em matéria energética e ambiental, implicando agravamento de custos, nesta área, entre 15% e 25% no total das empreitadas;
d)   Finalmente o relatório elogia a qualidade material das intervenções e afirma que : "Não foram detetadas ilegalidades na adjudicação das empreitadas e na aquisição de bens e serviços abrangidos pela amostra selecionada".
O Ministro Crato não parece tão à vontade com os cálculos numéricos, como seria de esperar em tão insigne matemático. Ao invés, parece bem à vontade na área da psicologia social, e sabe o que significa o ‘efeito de primazia’: é que um número (mesmo ‘mentiroso’) que é lançado primeiro, inscreve-se com mais eficácia na memória de cada um de nós – e, assim, a verdade torna-se socialmente ineficaz (ou mais dificilmente eficaz). É nisso que, estou certa, se fia em mais um episódio de combate à escola pública.
A realidade é que Passos e Crato acham que todo o benefício público, nomeadamente a melhoria das condições de habitabilidade das escolas é um luxo inexplicável, ‘pérolas aos porcos’. A associação entre estes aspectos e a motivação profissional, entre esta e a melhoria da qualidade educativa e a consequente capacidade de atrair os estudantes da classe média, não lhes é desconhecida, antes pelo contrário. Mas corresponde,  exactamente, a tudo quanto o programa ideológico deste governo quer combater.

2 comentários:

Anónimo disse...

Na nossa escola as obras pararam a meio. Os monoblocos estão degradados e os miúdos saturados. A salas dos prfs parece uma toca onde não entra sol e vista das janelas é decepcionante, era preciso uma esperança!!!

Anónimo disse...

Os blogs e o face estão a pedir a cabeça do Crato, e era o que se passaria num país onde se leva-se a política a serio.
Rosário